quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

III

Quando dormes cavalos derramam-se da noite
Sobre o teu peito liso e o galope dos animais
Dispersa a escuridão onde o sono conduz
A sua máquina poderosa rasgada da minha cabeça
E sem o menor ruído

O sono faz tantos membros florir dos teus pés
Que eu tenho medo de morrer estrangulado pelos seus gritos.
Decifro na curva da tua frágil anca,
Antes que desapareça, um rosto puro escrito
Em azul na tua pele branca.

Mas caso um carcereiro te desperte minha terna ladra
Enquanto lavas as tuas mãos - esses pássaros que voam
À volta do teu bosque carregado das minhas dores -
Quebras com doçura o eixo das estrelas
Sobre o teu rosto em lágrimas.

O teu ritual fúnebre tem gestos gloriosos
A tua mão que lançou a semente dos raios.
O teu maillot, a tua camisa, e o teu cinto preto
Espantam as minhas células e deixam-me mudo
Diante um belo marfim.