quinta-feira, 25 de agosto de 2011

II

Sou trancado dentro de mim, e para sempre,
Por este guarda de vinte anos!
Um só gesto dele, o olho, os cabelos na boca:
O meu coração abre-se e o guarda
Prende-me cá dentro, em festivas lágrimas.

Mal é fechada com bondade demais
Esta maldita porta
E já tu regressas. Perseguido pela tua perfeição,
Vejo agora contado o nosso amor
Pela tua boca que canta.

Este tango acutilante que se ouve na cela,
Este tango das despedidas.
És tu, Senhor, sobre este ar radiante?
Por caminhos secretos a tua alma terá ido
Para escapar aos deuses.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

I

Resta um pouco de noite num canto a definhar.
Em golpes duros na timidez do céu, cintila
(Os suspiros presos pelas árvores do silêncio)
Gloriosa uma rosa por cima do vazio.

Pérfido é o sono onde a prisão me leva
E os meus corredores secretos mais sombrios ficam
Iluminando os marinheiros que bem matam
Este tipo altivo que nas suas florestas se embrenha.